A resenha do filme de Leopoldo de Méis -Luz, Trevas e o Método Científico, desvenda origem do pensamento humano e como foi desenvolvimento através da história. Mostra maneira da evolução, o desenvolvimento da ciência de forma crítica e a relação da ciência com a sociedade.
O filme propõe uma visão panorâmica e histórica da ciência, onde visualizamos cenas de luta, perseguições e guerras, mas em todas essas situações a utilização do método científico é constante, o homem era privilegiado com um aprendizado que sempre o fez estar em crescente evolução.
Como um ser em evolução, o homem vivia no planeta buscando a sobrevivência, sendo necessário enfrentar fome, grandes predadores, pragas e vírus, que poderia levá-lo a morte. Encontrando assim uma explicação de que tudo era sobrenatural, desenvolvendo crenças religiosas e colocando-se em total submissão e atribuindo todo direito de dar ou tirar a vida se assim fosse necessário para praticar a sua crença.
O autor do filme Leopoldo de Méis faz a reconstituição histórica desde o primórdio do universo até a idade contemporânea, dando ênfase à luta para o desenvolvimento da ciência. Esse desenvolvimento foi uma batalha entre o divino sobrenatural, e a ciência que poderia comprovar que certos fenômenos não eram obra sobrenatural.
Basicamente o filme foi dividido em quatro partes, pré-histórico, médio, moderno e contemporâneo, no pré-histórico o homem é datado como a espécie mais recente do planeta, em comparação com as outras criaturas, somos as mais fracas, só foi possível a nossa sobrevivência graças a nossa força gregária, ou seja, o trabalho em conjunto, o esforço coletivo, segundo Mario Sergio Cortella.
Na pré-história o conhecimento se baseava apenas no senso comum, até que homens intitulados como filósofos passaram a questionar o mundo a sua volta querendo saber o porquê das coisas, nascendo assim em Atenas uma nova maneira de pensar, desencadeando então o rompimento do empirismo que logo se disseminou pelo mundo.
Chegando à idade média que é marcada pelo período das trevas, onde a Igreja Católica absolutista assume o poder e impõe suas verdades incontestáveis. Esse período é iniciado no século IV e finalizando no século XV é datado por muitas guerras, principalmente por motivos religiosos. Com o surgimento do Cristianismo, o filme relata que a partir do século IV o Imperador Constantino impõe o cristianismo à religião oficial de Roma após sua enfermidade ser curada, considerado como um milagre, o inexplicável passa novamente a ser vontade do divino.
Durante séculos autoridades da sociedade colocavam em prática as vontades da igreja em expandir o cristianismo sendo por amor ou pela dor. Sendo assim inúmeras foram às cruzadas para conquistar e converter outros povos para o cristianismo. No século XV, Thomas de Torquemada, foi o principal personagem em um período denominado inquisição, onde todos os não cristãos e outros com sua religiosidade duvidosa eram (nesta ordem), torturados, mortos ou convertidos pela igreja católica. Até mesmo membros do próprio clero eram mal vistos quando questionavam as ordens e opiniões da igreja.
A crítica do autor não é diretamente à Igreja católica, mas no tipo de governo absolutista, sem percebemos isso tem se repetido de várias maneiras na humanidade, seja na idade média pela Igreja Católica, seja na idade moderna pelo ditador Napoleão Bonaparte, no Holocausto da Alemanha Nazista, ou nas guerras mundiais. Os padrões são sempre os mesmos, as diferenças estão nas ferramentas desenvolvidas em cada episódio, hoje sofremos com a exploração do trabalho humano, egoísmo e exclusão social, pela primeira vez estamos segregando e colocando em cheque a nossa espécie.
No início do filme é passado rapidamente uma frase do George Santayana "Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo", basicamente o filme gira em torno dessa frase. É feita toda uma reconstituição histórica não para ilustrar nossa vitórias, mas para deixar bem claro que apesar de termos conquistado o topo da cadeia alimentar e até chegar a lua, não fomos capazes garantir a força humanística, toda aquela força gregária que garantiu a sobrevivência da nossa espécie, isto é, o humanismo, se perdeu com a evolução das ciências exatas, talvez estejamos à beira do colapso da espécie humana.
Durante toda a sua existência o homem nunca se deu conta do alto preço que ele mesmo paga pela sua vida, em sua constante busca por tentar descobrir sua origem, quem é e para aonde vai, ele acaba por destruir seu próprio cotidiano natural. O homem na sua condição de desbravador e conquistador não mede esforços para impor suas razões e opiniões mesmo que isso gere sacrifícios humanos, social e destrutiva sendo pela crença, ciência e ou política.
Indicamos como referência histórica a nível acadêmico para aqueles que queiram aprofundar-se na história do conhecimento humano.
Autores: Anderson Blank Santana, Emanuel Malerba, André A. Nascimento Jr.
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